Poemas surrealistas :  Cerração 1 (um poema besteirol)
Cerração 1   (um poema besteirol)
De mansinho, fui molhado
por respingos, salpicados
do monstro do monte verde alado
coração, mágoa, água, de mãe abençoado.
Coração, mão, mágoa, de mãe petrificado.
Cantiga do DÓ de mansinho dormir.
Lua da cara preta
não me envolve mas, me espreita
e se deita
no meu colchão
adocicado com o perfume de após sexo.
Estou complexo, com o complexo
de coração, mágoa, água
agora desencarnado
e vivenciado por um ator
que é o autor, de inúmeras pedradas
no telhado do vizinho.
(e era criança mimada)
Teve complexo escolar,
complexo industrial,
complexo de todo tipo
complexo de todo mal
menos, complexo de simplicidade.
Na lua, onde um segmento é mãe
até São Jorge tem força
para devorar a serpente.
(hoje se come de tudo)
Água...
Involuntariamente
se envolveu com um cara casado...
Agora, está grávida
mas, sem gravidez
porque ela toma "Píula do Dotô Rossi calibre 45".
Quando a coisa aperta,
ela esperta o gatilho
e sai gato por tudo quanto é trilho
e mata a fome dos favelados, flagelados e etc.
Mãe...
Palavra simples, mas
mais forte que a dor de uma cabeçada
num poste ou que ciúme de marido possessivo,
peçonhento, avarento e tudo que acabe com "ento"
até chegar o aumento
dos não trabalhadores da vida.
(está bom de fundar um sindicato)
Ai amor...
Quem foi que fez de mim um trouxa?
Sempre uma mulher inverossímil...
(coloquei esta palavra aí mas, nem eu sei
o quê significa)

Vamos deixar de lado
e agitar a poeira da cidade
que está precisando dar a volta por cima
de quem a petrificou (ela preferia asfalto),
deixou a bichinha com o coração de pedra,
não ama mais ninguém...
Nem eu, nem eu, nem eu...
Cruzes! Pé-de-pato mangalô três vezes!
(não assumi nada não, viu? Foi só uma descontração)
Eu queria ver o sol
e amar aquela morena do meu planeta...
(e acabo de dizer que não amo mais ninguém,
sou uma merda)
Vamos mudar de assunto?
(parece até aqueles cadernos de confidências
de jovens adolescentes)
Hi (ou xí?) mãe, madrinha, pai-de-santo, banho de folha...
Me tira desse astral
e me bota num cometa de... de...
ah, o nome é inglês e eu não vou escrever não,
porque ninguém vai saber ler mesmo!
Eu já nem sei
se quero ir para o cometa de...
ou pra merda,
ou pra uma história em quadrinhos
ser super-herói de nada,
não tem de quê, disponha...
Um dia desse
eu vô tomá uma "PÍULA DO DOTÔ ROSSI CALIBRE 45"
pra ver se me dou bem no outro astral,
porque este aqui está sendo banhado pelo sol
e eu estou me queimando muito.
De mansinho, fui molhado pela lua
mãe, mágoa, rua
chegando que de cara lavada, mergulhou na atmosfera
montado num cavalo branco...
Eu era um herói cachorro.
Gente, não quer ser chamada de cachorro,
e cachorro, muito menos de gente.
O que me atrai nesta disponibilidade toda
é a probabilidade da discordância
sem elementos químicos para escrever;
é o disparate da caneta enferrujada e muito mais;
A mente aberta e educada
para o caos da linguagem ferina, ferida,
metida a besta...
Orgulho de ponta endurecida.
Falei, calei-me e BAH! Cuspi.
Voltei novamente para o momento
onde a lua da cara preta, cantava em Dó
para mim dormir só
sem acompanhamento de viola
sem carinho de mãe, sem mágoa, sem água,
sem brio, sem brilho, sem trilho...
Vou embarcar novamente naquela canoa
que me trouxe a vida
que me deu guarida
que me fez o sol
e vou fugir desta cidade
que já não é mais abençoada
por causa dos calçadões
que perambulam em nossa frente.
Vou procurar o monstro, do monte verde alado
para defender essa cidade, pobrezinha,
coitada, donzela, singela e pura...
(quanta coisa boa)
E lá vai minha cidade fazer turismo na Europa
para ver se ganha o troféu "berimbau de ouro"
e traz para o Brasil.
Canil?
Coitado dos cães...
Estou vivendo uma aventura e tanto, de olhos fechados
e me pergunto:
Quem fez esta sopa?
Ou este sapo?
Troquem as letras, bebam um e comam outro.
Coitado do bichinho...
Que perversidade...
Morreu, antes de alçar o seu primeiro voo...
Cuidado com os aviões!
Estão "aeropelando" os urubus.
Parece que estão com despeito dos planadores!
E, em primeiro plano, uma notícia:
A U M E N T O G E R A L !
Pronto, todo mundo desmaiou de susto.
É o surto, é a epidemia de melhorias sem hora,
e agora?
Já tiraram a bandeira do mastro?
Eu, quando estou afim de escrever, é assim:
Merda por cima de merda.
E tome-lhe canetada, canecada, mal passada...
Isso dá até fome.
E fome lembra os favelados, flagelados, famigerados...
Hum... que fedor de pum...
(isto é para fazer samba)
Vou rimar a vida
vou rumar testa à fora
vou viver, senhora
que o mundo está girando
e o meu país é jovem,
tem a cabeça nas nuvens,
só pensa em futebol e carnaval...
No final de tudo, se dá mal.
É varonil, é verossímil
(comecei a abusar da palavra)
sem chances de esconder,
que jovem tem a mente conturbada, perturbada, agitada
e as coisas continuam complexas...
A culpa cabe ao complexo vitamínico
para endurecer mais o juízo final d'alguns
que pensam que a vida é remédio
e remedeiam a vida toda ou toda vida...
Vida! Vida! Vida!
Vem ver o buraco em que estou!
Que fiz? Que sou?
Tubarão?
Até tu, barão?
Com medo de usar o coração?
És um bruto!
Amas?
Já não sou mais criança para falar a verdade
porque besteira, quem fala é adulto...
E lá vou eu de novo, pé de chinelo
coração do vento
querendo aumento
sem trabalhar...
Vou partir, vou rimar
vou chiar, que é para o mundo me ouvir.
Batedor, batalhador
cheirando a cachaça...
Estou doido para voltar ao começo
e continuar minha poesia
mas esta caneta está afim de falar
relinchar, extravasar
e eu só quero é paz, meu rapaz.
Vou vestir um blusão verde oliva
e sair por aí dando marcha-a-ré, cavalo-de-pau, etc...
Ser garoto propaganda
divulgar a Natureza
e combater os vícios de linguagem a que somos vítimas.
Ah, use um creme dental porque você está mal...
Eu estou doido para voltar ao começo
e falar da lua mansa de confetes e serpentinas
mas, esta menina, me enche de ilusões
e me faz gastar todo meu dinheiro.
(já não tenho nenhum)
Me disseram para ficar calado
e aqui estou eu, fazendo um verdadeiro ninho de rato,
trapo, maltrapo e than! Cenas de filme mudo...
Odisseias, bravos, sensações, alucinações e loucuras...
(leiam com sotaque de francês, carreguem no "R"
assim ó: Loucurrras. Sacou?)
Vão pensar que vocês são mas, vocês mostram que não são.
O estopim está aceso, mas não haverá
nenhuma explosão porque meu coração
está cansado de tanta emoção
e de viver amor.
Lua prata e céu marinho
com tanto jeito de dar carinho
fui sendo molhado bem de mansinho
pelo orvalho que caia devagarinho
e amado pela lua no meu leito, no meu ninho.
Devagar, que este assunto merece respeito,
falem bem desta cidade e andem direito
não pensem em casamento
não provoquem engarrafamento
tirem os carros dos passeios
para não quebrarem o cimento.
Sou um tremendo defensor das coisas certas
mas, acontece que os pedestres não ajudam.
E que malandro sou eu, pra ficar dando colher de chá?
Tá se sentindo mal?
Tome a "PÍULA DO DOTÔ ROSSI CALIBRE 45"
e os seus problemas vão para o inferno de Dantes,
depois, antes...
Quem terá problemas será a sua família
que terá que gastar uma fortuna para fazer seu enterro.
(isto foi um comercial para o dono de uma casa funerária)
Agora, partamos de um assunto nefasto
para dar uma de “poemeiro”, “polemista”, boateiro...
E lá vai bomba! Assistam no próximo episódio:
Brilhantes, os meus olhos
faiscavam no escuro
quando de cima do muro
surgiu o nada assim de repente
no vazio dos acontecimentos...
E daí, acontece cada coisa
que a gente fica besta e falido
falando sozinho ou da vida dos outros
de assuntos pautáveis, palpáveis, paupérrimos,
pau n'eles e haja pau pra tanta briga.
Eu gosto mesmo é de...
(deixarei que as reticências falem pela mente de cada um).
CERRAÇÃO é o momento, em que cerrar é uma ação,
em que uma serra, entra em ação;
É um ato do autor de inúmeras pedradas
no telhado do vizinho...
E ai de mim, que levava a fama.
Era famoso, mas não queria.
Prematuro, fruto maduro, mas duro,
rocha, rock, Roque, e a danada da CERRAÇÃO
não dá muita visão,
embaralha as palavras na minha demente
e somente você pode abalar, abalroar, abarrotar de amor
o sentido da lua da cara preta no momento...
Mãe, manda chuva, mutirão
São Jorge, mate o dragão
serpente, cão seu irmão
numa nuvem de emoção.
Briguei com o risco
e arrisco a vida trabalhando
sem risco mas, com todo cisco...
E circo é a minha vida.
O mundo é o picadeiro
e eu o palhaço, a palhoça, o pamonha, a paçoca...
Sou tudo, no meio da festa.
Que absurdo!
Escancarei a minha janela
e invadiu-me uma brisa.
Saravá, meu irmão, que a vida está viva!
Se a Natureza um dia se revoltasse,
o que seria de nós?
Somos fracos diante dela...
E a vela, era para o santo padroeiro de uma cidade benta
que não tem poluição, nem engarrafamento
e o esgotos sempre funcionam em tempo de chuva...
A chuva, me lembra o orvalho
e o orvalho, me traz desabrigo
e nisso, eu fico ferido
lembrando dos flagelados...
E lá vou eu, caminhando se mereço
sofrendo, pagando o preço
de viver um trauma, com complexo tão complexo
que não dá para encarar...
Explode, meu irmão!
Vai ser padre e rezar para a população
que vive ociosa e ansiosa de uma recuperação
só esperando os prêmios das loterias
para realizar a sua ambição...
E eis, que o choro de uma guitarra me desperta
e lembro-me
que de mansinho fui molhado
por respingos, salpicados
e o sal anda "picado"
com tanta rehidratação...
E tanta ciência me toma a benção
porque o escuro é neutro, e neutro é vazio...
Não procure discussão sobre o assunto
para não haver discrepância.
Deixe tudo como está para ver como é que fica...
Axé, prêmio Nobel da esperança.
Quiçá, por ventura, talvez
eu me encontre no fim desta estrada
e esta CERRAÇÃO me dê algo para comer
porque, de fome, a minha barriga já anda cheia
e somente você pode me abandonar.
Bah! Não estou aqui para fabricar ilusões
nem me tornar um labirinto.
Eu quero é salvar o pinto
de se transformar em omelete...
Tô doido pra terminar,
mas ainda não arranjei um jeito.
E me deito,
e me levanto
e nada desse porre ter um fim...
Então eu vou terminar assim:
Adeus, meus compadres, meus camaradas
pois falei muito, não disse nada
mas, desabafei e minha mente atrofiada!

Ai, que cansaço...
Mas, se eu quiser ser escritor
tenho que me...
virar.
(maldosos, pensaram que eu fosse dizer um palavrão, não foi?)

Levei um ano para fazer isto...
Está aí a prova da minha eficaz eficiência.

A.J. Cardiais
30.07.1982
imagem: google
Poeta

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